Chamada para Submissão de Artigos para o Dossiê "Os vários nomes das famílias do século XXI"
Dossiê: Os vários nomes das famílias do século XXI
Recepção de artigos: de 31/10/2025 até 10/03/2026.
Organizadores do Dossiê: Isael de Jesus Sena (UCSAL), Lívia Alessandra Fialho da Costa (UNEB), Marcelo Ricardo Pereira (UFMG) e Christiane Carrijo (UNESP)
O tema “Família” tem sido abordado por diversas áreas do saber: da Antropologia à Psicanálise, da Educação ao Serviço Social, da Psicologia ao Direito, da Medicina à Biologia, passando pelos estudos interdisciplinares e por aqueles voltados para a construção de políticas públicas, que apontam as diversas problemáticas envolvendo a família. A família, como instituição, ao longo da história, tornou-se um objeto privilegiado de estudos que buscam compreender como ela, diante das mutações do laço social e das transformações socioeconômicas, políticas e culturais, resiste às mudanças de todas as épocas, assumindo novas configurações. Como destacou Rosa (2022, p. 23), “a família se instituiu como palco de relações históricas, políticas e libidinais, simbolicamente articuladas, que melhor permitiria a proteção e a educação da criança”.
A produção das diversas áreas do conhecimento tem sido uma fonte importante para a desnaturalização do conceito de família, bem como um espaço de circulação de resultados que mapeiam as transformações, os desafios e as dinâmicas contemporâneas que conferem a essa “instituição” um caráter de impermanência, embora ela se ampare em uma estrutura que parece resistir às mudanças ao longo dos séculos. Assim, concordamos com Lacan (2008), segundo o qual a família, entre todos os grupos humanos, desempenha um papel primordial na transmissão da cultura entre as gerações — “a irredutibilidade de uma transmissão”, diz o autor —, promovendo uma continuidade psíquica que pertence à ordem da constituição das subjetividades.
No entanto, observamos que o sujeito contemporâneo torna-se cada vez menos determinado pelas tradições, repressões e metanarrativas que o conduziram até meados do século XX (Gomes; Pereira, 2023). Isso nos exige repensar a nossa concepção de família, tal como se veiculou no Ocidente entre os séculos XVI e XVIII, conforme mostraram Burguière e Lebrun (1986), seus modos de transmissão e a forma como se constituem as subjetividades nessa passagem de uma modernidade sólida para uma modernidade líquida, com todos os seus efeitos.
Observamos que à família já não cabem unicamente os atributos de transmissão de saberes, de patrimônio, de reprodução biológica etc.; sobre ela recaem todas as transformações que fazem parte da sociedade mais ampla: as novas formas de viver o amor e a satisfação, os diferentes e novos formatos de conjugalidade, as questões de saúde, os estereótipos, a patologização da vida, o uso de novas tecnologias e os usos e abusos do corpo exigem da família respostas. Todos esses problemas impactam a percepção e a organização familiar, questionando o lugar dos pais, dos filhos, da escola, do trabalho, da religião, das alternativas terapêuticas e das formas de enfrentamento das fases da vida — infância, adolescência, adultez e envelhecimento. Reconhecemos que o sintoma do nosso laço social ecoa na família: a industrialização, o feminismo, os movimentos sociais, a contracolonialidade, o aumento da expectativa de vida, a Lei do Divórcio, entre outros.
No século XX, assistimos ao processo de nuclearização da família e passamos a admitir a legítima recomposição familiar após o divórcio ou a separação, bem como as uniões consensuais. A família também foi se configurando a partir de outras composições, tornando-se monoparental, homoparental, unipessoal, recomposta e eudemonista. Ao lado de todas essas mudanças, a família continua sendo o lócus da constituição da subjetividade e da transmissão de valores, embora se mostre refratária às múltiplas referências que se consolidam em outros espaços de socialização, como a escola, o mundo do trabalho, as redes sociais, a televisão, a arte e a cidade.
Este dossiê temático destina-se, especialmente, a artigos cujas reflexões, pesquisas e análises de dados envolvam e se insiram em um dos seguintes temas:
- Família, escola e medicalização da infância
- Famílias e comunidade LGBTQIAPN+
- Famílias no processo de transição de gênero
- Famílias e políticas de assistência social
- Famílias, neurodiversidade e inclusão
- Famílias e relações étnico-raciais
- Famílias, povos originários e quilombolas
- Famílias, migração e direitos humanos
- Famílias e violência doméstica
- Famílias e violência sexual
Referências
Burguière, A., & Lebrun, F. (1986). La famille en Occident du XVe au XVIIIe siècle. Éditions Complexe.
Gomes, M. F. C., & Pereira, M. R. (2022). Psicologia Educacional: sujeitos contemporâneos. Contexto.
Lacan, J. J. (2008). Os complexos familiares. Zahar.
Rosa, M. D. (2022). Passa anel: famílias, transmissão e tradição In. D. Teperman, T. Garrafa & V. Iaconelli (Orgs.), Parentalidade (pp. 23-38). Autêntica.
Orientações gerais para os autores
Para mais informações sobre como enviar artigos para a PLURAL – Revista de Psicologia da UNESP Bauru, bem como as instruções necessárias para a formatação correta dos manuscritos, favor acessar o link https://revistaplural.emnuvens.com.br/prp/about/submissions. No caso, solicita-se que conste na Folha Informativa de Autoria a informação de que o manuscrito está sendo submetido ao Dossiê supracitado (Os vários nomes das famílias do século XXI).
Contamos com a sua colaboração.
Cordialmente,
Os organizadores.
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