Desafios do autismo em um coletivo de famílias em vulnerabilidade social
uma aposta na palavra a partir da psicanálise
DOI:
https://doi.org/10.59099/prpub.2024.101Palavras-chave:
Famílias; Vulnerabilidade social; Autismo; Psicanálise; Justiça socialResumo
Este artigo reflete como famílias beneficiárias do Bolsa Família e do Benefício de Prestação Continuada, afetadas pela incidência de diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista, se posicionavam subjetivamente recusando-se à passividade, diante das vicissitudes enfrentadas por elas, com seus filhos, na busca por inclusão, tratamento e assistência social. Através do Coletivo de Famílias, instituímos um espaço de fala sob a forma de rodas de conversas, orientados pela escuta psicanalítica, buscando politizar a queixa em prol de implicações e microssoluções. Observamos que, apesar das tentativas de normalização repressiva e violação de direitos pelas instituições, as mulheres-mães demonstraram protagonismos em seu ativismo por justiça social. A matricialidade sociofamiliar, como núcleo social fundamental da Política Nacional de Assistência Social, não pode ser pensada apenas em termos operacionais. Os desafios consistem em promover laço social e reconhecimento das alteridades de tal modo que aqueles afetados pela vulnerabilidade social não sucumbam ao desencantamento.
Referências
Almeida, M. L. (2017). A escuta da família frente ao diagnóstico de autismo da criança – um estudo psicanalítico [Dissertação de Mestrado]. Universidade Federal de Uberlândia.
Ayres, J. R. de C. M., Franca Junior, I., Calazans, G. J., & Saletti Filho, H. C. (2003). O conceito de vulnerabilidade e as práticas de saúde: novas perspectivas e desafios. In D. F. Czeresnia & C. Machado (Eds.), Promoção da saúde (pp. 117-135). Fiocruz.
Bichir, R., & Lara, M. F. A. (2023). Por que Assistência Social é importante para nossa sociedade? In N. G. D Sátyro & E. S Cunha (Eds.). Descomplicando políticas sociais no Brasil: As políticas sociais por elas mesmas – por que importam para você e para a sociedade como um todo? (pp. 83-98). Ed. UFMG.
Bilenky, M. K. (2014). Vergonha: sofrimento e dignidade. Ide, 37(58), 133-145. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-31062014000200012&lng=pt&tlng=pt.
Brasil (2009). Orientações Técnicas Centro de Referência de Assistência Social – CRAS.
https://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/Cadernos/orientacoes_Cras.pdf
Brasil (2015). Resolução nº 11, de 23 de setembro de 2015. https://blog.mds.gov.br/redesuas/resolucao-no-11-de-23-de-setembro-de-2015.
Brasil (2004). Política Nacional de Assistência Social – PNAS 2004. Norma Operacional Básica – NOB/SUAS. Conselho Federal de Serviço Social. https://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/Normativas/PNAS2004.pdf
Calligaris. C. (Org.)(2010). O laço conjugal. Artes e Ofícios.
Calligaris, C. (1991). Hello Brasil: notas de um psicanalista europeu viajando pelo Brasil. Escuta.
Conselho Federal de Psicologia. (2007). Referência Técnicas para atuação do/a psicólogo/a no CRAS/SUAS. CFP.
Costa, J. F. (2019). A desigualdade traz o desencantamento da sociedade. https://www.psb40.org.br/noticias/jurandir-freire-a-desigualdade-traz-o-desencantamento-da-sociedade/
Costa, J. F. (2004). Ordem médica e norma familiar. Graal.
Donati, P. (2008). Família no século XXI: abordagem relacional. Paulinas.
Dunker, C. I. L. (2009). A Lógica do Condomínio ou: o síndico e seus descontentes. Revista Leitura Flutuante, 1, p.1-9. https://revistas.pucsp.br/leituraflutuante/article/view/7623/5578
Feijó, J. (2023). Mães solo no mercado de trabalho. https://blogdoibre.fgv.br/posts/maes-solo-no-mercado-de-trabalho
Freud, S. (1996). O futuro de uma ilusão, In. S. Freud, Edição Standard Brasileira das Obras Completas de Sigmund Freud, (Vol. 21, pp. 11-63). Imago. (Trabalho original publicado em 1927)
Freud, S. (2011). Psicologia das massas e análise do eu e outros textos (1920-1923). Companhia das Letras. (Trabalho original publicado em 1923)
Freud, S. (1996). Linhas de progresso na terapia psicanalítica, In. S. Freud, Edição Standard Brasileira das Obras Completas de Sigmund Freud, (Vol. 17, pp. 170-181). Imago. (Trabalho original publicado em 1918)
Freud, S. (1996). Romances familiares, In S. Freud, Edição Standard Brasileira das Obras Completas de Sigmund Freud, (Vol. 9, pp. 217-224). Imago. (Trabalho original publicado em 1909)
Gabarron-Garcia, F. (2023). Uma história da psicanálise popular. Ubu.
Gurski, R., & Rosa, M. D. (2023). Orígenes políticos del freudismo y la neutralidad del psicoanálisis como síntoma en Brasil durante la dictadura militar. RHV, (23), 179-191, https://doi.org/10.22370/rhv2023iss23pp179-191 DOI: https://doi.org/10.22370/rhv2023iss23pp179-191
Jesus, M. C. (2014). Quarto de despejo: diário de uma favelada. Ática.
Julien, P. (2000). Abandonarás teu pai e tua mãe. Companhia de Freud.
Kehl, M. R. (2008). A fratria órfã. Olho d’Água.
Lacan, J. (2003). Nota sobre a criança. In J. Lacan, Outros escritos (pp. 369-370). Jorge Zahar. (Trabalho original publicado em 1969)
Lacan, J. (2003). Ato de fundação. In J. Lacan, Outros escritos (pp. 235-247). Jorge Zahar. (Trabalho original publicado em 1967)
Lacan, J. (1998). A direção do tratamento e os princípios de seu poder. In J. Lacan, Escritos (pp. 591-652). Jorge Zahar (Trabalho original publicado em 1958).
Lacan, J. (1985) O Seminário: livro 20: Mais, ainda. Jorge Zahar. (Trabalho original publicado em 1972-1973)
Lacan, J (1991). O Seminário, livro 17: O avesso da psicanálise. Zahar. (Trabalho original publicado em 1969-1970)
Lacan, J. (1999). O seminário, livro 5: As formações do inconsciente. Zahar. (Trabalho original publicado em 1957-1958)
Lacan, J. (2006). O seminário, livro 12: Problemas cruciais para a psicanálise. Centro de Estudos Freudianos de Recife. (Trabalho original publicado em 1964-1965)
Lajonquière, L. de (2018). As ilusões (psico) pedagógicas e o sonho de uma escola para todos. In M. E. Arreguy, M. B. Coelho & S. Cabral (Eds.). Racismo, capitalismo e subjetividade: Leituras psicanalíticas e filosóficas (pp. 59-68). EDUFF.
Lajonquière, L. de (2019). As crianças, a educação e os sonhos adultos em tempos de autismo. Estilos Da Clínica, 24(1), 41-52. https://doi.org/10.11606/issn.1981-1624.v24i1p41-52 DOI: https://doi.org/10.11606/issn.1981-1624.v24i1p41-52
Lipsky, M. (2019). Burocracia de nível de rua: dilemas do indivíduo nos serviços públicos. ENAP
Machado, L. V. (2022). Políticas do autismo: efeitos sobre o lugar da criança no imaginário social. Benjamin. DOI: https://doi.org/10.11606/issn.1981-1624.v26i2p411-412
Mannoni, M. (1973). Education impossible.Éditions du Sueil.
Oliveira, L. B. (2019). O desejo da mãe a partir do diagnóstico de autismo. Psicologia em Revista, 25(3), 1287-1300. https://doi.org/10.5752/P.1677-1168.2019v25n3p1287-1300 DOI: https://doi.org/10.5752/P.1678-9563.2019v25n3p1287-1300
Parker, I., & Pavón-Cuéllar, D. (2022). Psicanálise e revolução: Psicologia crítica para movimentos de liberação. Autêntica.
Pereira, M. R. (2020). A psicanálise que praticamos na educação e seus possíveis equívocos. In R. Voltolini & R. Gurski (Eds.), Retratos da pesquisa em Psicanálise e Educação (pp. 45-62). Contracorrente.
Roudinesco. E. (2003). A família em desordem. Jorge Zahar.
Rosa, M. D. (2004). Passa anel: famílias, transmissão e tradição. In D. Teperman, T. Garrafa & V. Iaconelli (Eds.), Parentalidade (pp. 23-38). Autêntica.
Rosa, M. D. (2004). A pesquisa psicanalítica dos fenômenos sociais e políticos: metodologia e fundamentação teórica. Mal-estar e Subjetividade, 4(2), 329-348. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1518-61482004000200008
Santos, L. C., & Pereira, M. R. (2024). Família e sociedade no contexto brasileiro: reflexões para a Psicologia. PLURAL – Revista De Psicologia UNESP Bauru, 2, e023010. https://doi.org/10.59099/prpub.2023.41 DOI: https://doi.org/10.59099/prpub.2023.41
Sátyro, N. G. D., Paradis, C. G., & Santos, I. G. (2023). Como a família se insere na política social? In N. G. D. Sátyro & E. S. M. Cunha (Eds.), Descomplicando políticas sociais no Brasil: a Constituição Federal de 1988 e a estrutura de proteção social brasileira (pp. 77-94). Ed. UFMG. DOI: https://doi.org/10.52884/eft-978-85-8054-608-8
Sawaia, B. (2010). O sofrimento ético-político como categoria de análise da dialética exclusão/inclusão. In B. Sawaia (Ed.), As artimanhas da exclusão social: Análise psicossocial e ética da desigualdade social (pp. 99-120). Vozes.
Scarparo, M. L. D-E., Poli, M.C. (2012). Psicanálise e assistência social. In L. R Cruz & N. Guareschi (Eds.), Políticas públicas e assistência social (pp. 124-150). Vozes.
Sena, I. de J., Pereira, M. R., & Scrinzi, M. M. (2023). Rodas de conversa com adolescentes: Estratégias para lidar com conflitos na escola. Educação, 48(1), e25/1–24. https://doi.org/10.5902/1984644466258 DOI: https://doi.org/10.5902/1984644466258
Sena, I., & Lajonquière, L. de. (2020). Psicanálise e laço social: democratização e segregação na educação. Estilos Da Clinica, 25(3), 358-361. https://doi.org/10.11606/issn.1981-1624.v25i3p358-361 DOI: https://doi.org/10.11606/issn.1981-1624.v25i3p358-361
Scott, J. B., Prola, C. A., Siqueira, A. C., & Pereira, C. R. R. (2018). O conceito de vulnerabilidade social no âmbito da psicologia no Brasil: uma revisão sistemática da literatura, Psicologia em Revista, 24(2), 600-615, https://doi.org/10.5752/P.1678-9563.2018v24n2p600-615 DOI: https://doi.org/10.5752/P.1678-9563.2018v24n2p600-615
Susin, L., & Poli, M. C. (2012). O singular na assistência social: do usuário ao sujeito. In L. R. Cruz &, N. Guareschi (Eds.), O psicólogo e as políticas públicas de assistência social. Vozes.
Singly, F. (2010). Sociologia da família contemporânea. Texto&Grafia.
Souza, O. (1994). Fantasias de Brasil: as identificações na busca da identidade nacional. Escuta.
Teperman, D., Garrafa, T., & Iaconelli, V. (2022). Parentalidade. Autêntica.
Winnicott, D. (2011). A família e o desenvolvimento individual. Martins Fontes. (Trabalho original publicado em 1965).
![](https://revistaplural.emnuvens.com.br/public/journals/1/submission_101_101_coverImage_pt_BR.png)
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Isael de Jesus Sena, Camila Ramos de Souza Lima, Maria Izaura da Silva Perdiz , Caio Esteves Silva , Juliana Farias Moreira dos Santos
![Creative Commons License](http://i.creativecommons.org/l/by/4.0/88x31.png)
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Os autores concordam com os seguintes termos da PLURAL – Revista de Psicologia UNESP Bauru:
Os artigos enviados devem ser originais e serão publicados pela primeira vez pela Revista Plural, mas os autores manterão os direitos autorais. O trabalho será simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution CC-By 4.0 Internacional para permitir o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e primeira publicação por essa revista.
Existe autorização para os autores assumirem contratos adicionais separadamente, exemplo, publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro, contanto que esteja discriminado e registrado tanto o reconhecimento de autoria como o de publicação inicial nessa revista.
Existe a permissão e o estímulo para os autores publicarem e distribuírem seu trabalho online em repositórios institucionais (pré-prints) ou na sua página pessoal.