A redução de danos como antídoto paras as políticas de inimizade

caminhos decoloniais

Autores

DOI:

https://doi.org/10.59099/prpub.2024.73

Palavras-chave:

Drogas, Guerra às Drogas, Centro de Atenção Psicossocial, Redução de Danos, Colonialidade, Psicologia Social

Resumo

Parte-se da ideia de que vivemos na sociedade da inimizade, sustentada pela colonialidade. O campo das drogas expressa e retroalimenta os efeitos de tais brutalidades. Neste artigo, aponta-se que, contemporaneamente, a colonialidade atualiza as políticas de inimizade no paradigma da guerra às drogas. Contudo, mesmo em meio a este cenário bélico, também podem-se encontrar modos afirmativos de vida, sustentados por e através do uso de substâncias. Para sustentar tal argumentação, tem-se como método a pesquisa-intervenção, com a proposição de narrativas, a partir do contexto de trabalho em um Centro de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas - CAPS AD. Os protagonistas dessas histórias, a partir das narrativas apresentadas, evidenciam a potência dos encontros e das amizades na construção de outros caminhos, tendo como aspecto central a redução de danos, que se constitui, assim, como uma alternativa decolonial.

 

Biografia do Autor

Vinicius Tonollier Pereira, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Possui graduação em Psicologia pela Universidade Luterana do Brasil (ULBRA) e mestrado e Doutorado em Psicologia Social e Institucional pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Atua desde 2012 como psicólogo do Centro de Atendimento Psicossocial Álcool e outras Drogas (CAPS-AD) de São Leopoldo – Docente do curso de Psicologia da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA).

Simone Mainieri Paulon, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Psicóloga (PUCRS), especialista em Psicologia Social (PUCRS), com mestrado em Educação (UFRGS), doutorado em Psicologia Clínica (PUC-SP) e pos-doutorado no PPG de Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) com estágio de professora visitante no Dipartimento di Psicologia,dellAlma Mater Studiorum, Università di Bologna (2018) e de pesquisadora visitante senior no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra pelo Programa Institucional de Internacionalização da Capes/PRINT-UFRGS (2023). É professora titular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, na qual orienta trabalhos de pesquisa e extensão junto ao Departamento de Psicologia Social e Institucional, ao PPG de Psicologia Social, e coordena grupo INTERVIRES Pesquisa-Intervenção em Políticas Públicas, Saúde Mental e Cuidado em Rede. 

Moises Romanini, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Graduado em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Maria - UFSM (2009). Mestre em Psicologia, com ênfase em Psicologia da Saúde, pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFSM (2010-2011). Doutor em Psicologia Social e Institucional, pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social e Institucional da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2012-2016). Atualmente é Professor Adjunto do Departamento de Psicologia Social e Institucional da UFRGS, Co-coordenador do Grupo de Pesquisa-Intervenção em Políticas Públicas, Saúde Mental e Cuidado em Rede (InterVires) da UFRGS e Docente Permanente do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social e Institucional da UFRGS.

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Publicado

02-10-2024

Como Citar

Pereira, V. T., Paulon, S. M., & Romanini, M. (2024). A redução de danos como antídoto paras as políticas de inimizade: caminhos decoloniais. PLURAL - Revista De Psicologia UNESP Bauru, 3, e024a08. https://doi.org/10.59099/prpub.2024.73

Edição

Seção

Dossiê Temático: Álcool e Substâncias Psicoativas, Políticas Públicas e Direitos Humanos