Título do Dossiê: Psicanálise nos Espaços Públicos e Clínica Ampliada - Ações, Saberes e Transmissão.

DOSSIÊ: Psicanálise nos Espaços Públicos e Clínica Ampliada - Ações, Saberes e Transmissão.

Lançamento e divulgação: 20 de Novembro
Recepção de Artigos: até 30 de Junho de 2024.

Organizadoras do Dossiê:
Christiane Carrijo - UNESP - Bauru
Jaquelina Maria Imbrizi - Unifesp - Campus Baixada Santista
Jacqueline de Oliveira Moreira - PUC - MG
Leônia Cavalcante Teixeira - Unifor

Chamada para o Dossiê Psicanálise nos Espaços Públicos e Clínica Ampliada - Ações, Saberes e Transmissão, número temático da PLURAL – Revista de Psicologia UNESP Bauru, para trabalhos com contribuições nesse campo diverso e multifacetado do pensar e fazer psicanalítico.

O processo de tornar a psicanálise acessível para toda e qualquer pessoa no Brasil vem se configurando há alguns anos, principalmente, a propósito da abertura política pós- ditadura. Podemos citar como um dos seus pioneiros, o grupo de psicanalistas que se reuniu ao redor de Hélio Pelegrino, no Rio de Janeiro, responsável por fundar a Clínica Social de Psicanálise, em 1973. Neste espaço eram oferecidos atendimentos gratuitos à população. No final da década de 1970 e início da década de 1980, o psicanalista e grupalista Jorge Broide (2019) já desenvolvia trabalhos com grupos operativos nos espaços públicos da cidade visando o atendimento da população em situação de vulnerabilidade social.

Vinculados às universidades públicas e privadas no Brasil também surgiram vários serviços de psicologia, que em suas clínicas-escolas, sempre oferecerem gratuidade nos atendimentos clínicos de abordagem psicanalítica, neste caso sempre associados à formação do psicólogo clínico. É em 2014, conforme Ab´Sáber (2021) “que ocorreu no Brasil um movimento amplo de tomada dos espaços públicos por trabalhos livres, coletivos e sociais de psicanalistas”. Nós podemos localizar também, o ano de 2016, com o então Impeachment da presidenta Dilma Rousseff e os retrocessos sociais de toda ordem no Brasil, culminando com a eleição de um presidente da república de extrema direita que governou o país de 2019 até 2022.

Em um jogo de forças políticas progressistas, podemos localizar vários grupos de psicanalistas que visavam se contrapor às perdas dos direitos civis e sociais conquistados a duras penas no dito período de abertura política no Brasil. É neste caldo cultural que surge o Coletivo Clínica Aberta de Psicanálise da Casa do Povo, que oferece aos sábados atendimento gratuito de psicanálise para a população que frequenta a região do Bom Retiro na cidade de São Paulo. Esta iniciativa foi seguida por vários coletivos de psicanalistas de diferentes Estados do Brasil, vinculados às universidades ou não, e que por meio de metodologias inovadoras oferecem serviços de Clínica Aberta, Social e Pública, de modo a ocupar os vários espaços públicos da cidade com o objetivo de democratizar o acesso à psicanálise. Cabe destacar também que após o período da Pandemia de Covid-19, houve o aumento de serviços de atendimento online, seja por meio de pesquisas e de intervenções grupais, que tinham a Teoria dos Sonhos, e outras intervenções clínico- políticas, como mote de propostas metodológicas inovadoras. Do ponto de vista da história da psicanálise, em 2019, é publicado no Brasil, o livro da historiadora Elizabeth Ann Danto, intitulado “As Clínicas Públicas de Freud: psicanálise e justiça social” que contextualiza um Sigmund Freud preocupado também com a divulgação e o acesso da psicanálise para as classes menos privilegiadas de Viena, dois anos antes do final da Primeira Guerra Mundial. Estas ideias do criador da psicanálise foram apresentadas em 1918, em uma conferência no Quinto Congresso Psicanalítico Internacional, em Budapeste, intitulada “Caminhos da Psicoterapia Psicanalítica”. Conforme afirma Jorge Broide, ao prefaciar o livro de Ann Danto: “Ali, Freud coloca que a psicanálise deveria ser gratuita aos que não pudessem pagar e, em muitos casos, os atendimentos deveriam ser bancados pelo Estado”. (Broide, 2010, XIII).

O objetivo deste Dossiê é o de convidar psicanalistas, pesquisadores e professores de psicanálise de todo o Brasil para escreverem artigos que contemplem a ideia de uma psicanálise extramuros, com vistas ao acesso de todos, todas e todes e que utilizem metodologias inventivas pautadas na transformação da lógica capitalista - e da mercadoria - e na superação das desigualdades sociais brasileiras.

Serão oito eixos temáticos para subsidiar os escritos dos proponentes:

1)Psicanálise e Política
2)Psicanálise e Universidade - projetos de extensão e clínicas-escola
3) Psicanálise e Espaços Públicos - modos de ocupar a cidade
4) Psicanálise e Clínica Ampliada - SUS, Caps e Serviços de Saúde
5) Psicanálise e Cultura - arte, cinema, literatura, grupos de leitura, etc
6) Psicanálise, grupos e instituições
7) Coletivos de Psicanálise
8) Psicanálise e diversidades - questões raciais, povos originários, pessoas com deficiências, LGBTQIAPN+

Para mais informações sobre como enviar artigos para a PLURAL – Revista de Psicologia da UNESP Bauru, bem como as instruções necessárias para a formatação correta dos manuscritos, favor acessar o link https://revistaplural.emnuvens.com.br/prp/about/submissions. No caso, solicita-se que conste na Folha Informativa de Autoria a informação de que o manuscrito está sendo submetido ao Dossiê supracitado (Dossiê Temático: Psicanálise nos Espaços Públicos e Clínica Ampliada - Ações, Saberes e Transmissão).

Contamos com seu manuscrito para visibilizar trabalhos desse campo.

Cordialmente,

As organizadoras.

Referências Bibliográficas:
Ab´Saber, Tales. A clínica aberta e o analista grupo: suas transferências e o comum. https://www.scielo.br/j/rlpf/a/7QjWNg9d6Pj8br7xQtpMFVn/
Ann Danto, Elizabeth. As Clínicas Públicas de Freud. Psicanálise e Justiça Social. São Paulo: editora perspectiva, 2019.
Broide, Jorge. A Psicoterapia Psicanalítica na rua realizada através de grupo operativo: a rua enquanto instituição das populações marginalizadas.Psicol. cienc. prof. 12 (2) • 1992 • https://doi.org/10.1590/S1414-98931992000200005
Broide, Jorge. Prefácio. Ann Danto, Elizabeth. As Clínicas Públicas de Freud. Psicanálise e Justiça Social. São Paulo: editora perspectiva, 2019.