Maternidades marginalizadas e a possibilidade de uma clínica-política nas ruas de São Paulo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.59099/prpub.2024.65

Palavras-chave:

Maternidade, Psicanálise, Psicologia Clínica

Resumo

Este trabalho se propõe a pensar a articulação teórica sobre a maternidade em situações de urgência social nos processos de destituição e/ou suspensão do poder familiar. O trabalho clínico aqui apresentado diz respeito a uma escuta clínico-política que se dá no centro de São Paulo, com mães marginalizadas. A história nos mostra como a maternidade e o lugar da mulher passaram por um intenso processo de idealização, e que há um grande atravessamento de raça, classe e gênero nas construções dos discursos sociais e políticos no campo da parentalidade e da maternidade, que nos remete a uma pergunta: Afinal, quem pode ser mãe no Brasil? Essa pergunta nos coloca a pensar que clínica podemos propor para escutar as maternidades marginalizadas, os desafios propostos à psicanálise e qual a posição no analista frente às questões de uma clínica-política que se dá no território, e é atravessada por ele.

Biografia do Autor

Patricia Beretta Costa, Universidade de São Paulo

Mestre em psicologia clínica pela Universidade de São Paulo, graduada em psicologia pela Universidade de São Paulo. Pesquisadora do Laboratório de Psicanálise Política e Sociedade da Universidade de São Paulo e pesquisadora da Rede Transnacional de pesquisas sobre Maternidades destituídas, violadas e violentadas.

Miriam Debieux Rosa, Universidade de São Paulo

Professora Titular do IPUSP e Coordenadora do Laboratório PSOPOL/IPUSP e o Grupo Veredas. Pró-Reitora Adjunta para Inclusão e Pertencimento da USP. Presidente da REDIPPOL - 2018-2022 e pesquisadora da Rede. Bolsista produtividade do CNPq,. Membro do Grupo de Trabalho da ANPEPP Psicanálise: Política e Cultura. Fez Pós- Doutorado pela Université Paris Diderot, PARIS 7, França.

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Publicado

19-11-2024

Como Citar

Costa, P. B., & Rosa, M. D. (2024). Maternidades marginalizadas e a possibilidade de uma clínica-política nas ruas de São Paulo. PLURAL - Revista De Psicologia UNESP Bauru, 4, e024p09. https://doi.org/10.59099/prpub.2024.65