Psicopolítica gendrada das emoções no governo Bolsonaro
Memes e masculinidade hegemônica
DOI:
https://doi.org/10.59099/prpub.2022.17Palavras-chave:
psicopolítica, emoções, fratura social, gênero, masculinidadesResumo
Nas reconfigurações geopolíticas contemporâneas, as mídias sociais e as estratégias psicológicas assumem centralidade nos novos modos de exercício do poder. Nesse contexto, memes bolsonaristas constituem registros importantes dos processos psicopolíticos operantes nos últimos seis anos no Brasil, marcados por ataques ao seu sistema político-democrático. Por meio de análise temática e semiótica, este estudo examinou as estratégias utilizadas por 56 memes bolsonaristas para manipular emoções com conteúdos relacionados à masculinidade. Identificou-se que os memes centraram-se no ataque à masculinidade dos “esquerdistas”, por três vias temáticas: 1) homofobia e representação dos homens de esquerda como gays; 2) desvirilização e masculinidade dos homens de esquerda representada como fraca e “feminina”; e 3) ataque à dimensão laboral dos homens de esquerda. Destaca-se que, por meio de conteúdos que atingem o cerne identitário da masculinidade hegemônica, os memes buscam incitar o ódio e repúdio contra a esquerda e fortalecer a fratura social “nós x eles/outros”.
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